Faroeste

Uma tempestade de areia Leva-me a achar sem certezas Que o disparo da espingarda é um eco De mim para o mundo. Quem o dispara sabe que uma vida vai acabar. Desse som e dessa vida que vai tirar Só lhe restará o escalpo preso no faroeste E o cheiro a cadáver, que cheira a destino. De que somos feitos depois de arder? A vida deve simplesmente acabar por aqui? Não; quem escolhe se continua é a alma E o caminho a traçar é só de si para si. Resto disso é a paisagem deambulante do deserto Que nos aproxima vagamente e nos distância alucinantemente... E este mundo é já a saudade e o sofrimento de o viver... Quando escurece no deserto já não sei quem sou, E fico perplexo fitando as estrelas Como se lhes visse alguma forma de vida Mais completa do que a minha, e ao vê-las Parece que à minha terra entrego a despedida E por momentos o meu corpo deixa de ser terrestre, Passa a pertencer às galáxias e aos deuses do universo. Faz eco de mi...