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A mostrar mensagens de setembro, 2013

Criança

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Para lá do possível são os meus sonhos. Pelo menos, essa é a minha convicção. Os métodos fazem da vida uma anedota E a estupidez faz-nos crer que não. Ainda me sinto desrespeitado, troçado, Como uma pequena criança que foi abandonada pelos destinados a amá-la. E deus bem viu isso e fingiu ablepsia, Deixando a criança ao vento da sorte... (Ouve bem as minhas preces, é o que me resta: Fiz por abandonar o ciclo de pessoa que, pouco a pouco, Me foi retirando o prazer que eu tinha de viver e de sonhar; Passei de uma mansão de boas sensações por explorar Para uma assombrada mansarda decadente e obscura... E o que faço, agora? O preço a pagar é a vida.) A criança continuou, em cais perdido, eternamente. Foi a infeliz que foi deixada e todos a deixaram ir, mesmo sabendo que não estava certo. Haverá outra e esse é o método adoptado para a constante dor Que se tem vindo na terra a propagar... Álvaro Machado - 08:26 - 23-09-2013

Momento solitário

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Estou sentado entre o início e o fim - tempo que, então, me for concebido - Numa poltrona que me faz reflectir para lá de todos os sentidos possíveis... Verdade é que não sei quem sou neste espaço de tempo, rodeado por escombros sentimentos... Estranhos locais que me fazem feliz, assombrosas passadas que me põem em dúvida... Dou por mim, de repente, numa transcendência: embarco para o futuro, tento trazer as respostas que o presente ainda oculta, E muito lucidamente questiono qual é a verdadeira essência da vida Se eu vejo os anos passarem à minha frente e o meu fim cada vez mais próximo? Quanto mais penso, menos sei; quanto mais desejo, menos tenho. É isso a essência da vida? Não apenas no querer, mas também no que virá do inconstante destino? Não sei. Nos meus sonhos a vida parece-me um tanto diferente... Melhor, para ser sincero... Tenho para mim que a complexidade da vida é uma nulidade - O homem pensa, mas nunca alcança. Por isso tanto diva

Insignificante

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Do meu quarto perscruto Infinito de toda a sensação - Humana, sabendo, ou não... Colide como se não nos quisesse ver. Estonteia como se não existíssemos sequer. Dói como uma alma que se torna incapaz por egoísmo do destino... Todo o mundo, agora, se encurta às mentes que homenageiam a bênção. (Talvez pouco para o que sinto...) E todo o mundo se torna pouco entre mim. Muito mais do que o mundo é o que eu sinto! Álvaro Machado - 23:30 - 17-09-2013  

VI

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Em memória de: Eupátor Dionísio Hei-de voltar… De noite é ódio, agora. Jurei-me vingar: Tenho honra. Hei-de sagrar Meu corpo como só eu sei. Por momentos está por se consagrar Ilha vazia, inteiro rei. Hei-de superar A dor que me infligiram… Inda sou pequeno e estou a chorar. Vocês nem sabem quanto me magoaram… Serei o melhor quando voltar. Não terei piedade com quem não teve comigo. Serei o vosso pior inimigo Quando perto de vós chegar. Álvaro Machado – 13:01 – 14-09-2013

Índole

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Se eu sou como sou, Eu não desejo ser. Deixo a escorrer Como água que molhou. Tudo se sonha, Porque tudo é sonho. É uma alta montanha Num sítio enfadonho. Isso é ser assim, E não crer ser assim. Se contesto, não consinto. Se vou é porque sinto. O espírito perpetua a escuridão. E o mar é imenso. Uma vastidão. O tempo voa, é tarde. Um dia encontrar-te-ei, cara minha metade. Álvaro Machado – 12-09-2013

Sem esforço

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Vê como tão bem se vive Com o sol a fazer-nos pensar Se existimos ou se não. Vê como os montes continuam altos Com as árvores a fazer-nos respirar A vida se ela existe ou se não. Eu sou um rapaz que gosta de viver E que só quer ficar por aqui a divagar Como se isso fosse concebível. Quero acreditar que sim. Estou sentado a escrever E a olhar para o sol que me cega Quando penso em coisas boas... Quero-te a ti em qualquer tarde impossível. Isso é a minha vontade neste momento. Não quero mais nada, vida... Álvaro Machado - 14:27 - 12-09-2013

Absinto.

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Não conheço o meu absinto Senão quando estás presente. Aí, como quero, sinto Como ninguém sente. Fico cambaleante para o sentir. Fora do círculo admissível na corte. É o que dá quando se supera e se sente emergir Transcendente e forte. Não tem premonições. Atinge-nos como um relâmpago. E o ser comum vive de ocasiões. Eu vivo do que divago. (Disse um barqueiro qualquer.) Álvaro Machado - 19:50 - 11-09-2013  

O ciclo da vida

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Quando o pássaro voar, Deixemo-lo voar. Procura nova casa e novas companhias Para poder existir... Chegou a hora de partir, Deixemo-lo ir. Olhem como voa, já tão lá em cima, Longe da terra... Deixemo-lo ir assim. A vida é feita para se viajar. Álvaro Machado - 21:32 - 09-09-2013

Templo de fé

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Veredictum - imensos - que não salvou ninguém, Senão a prisão que foi e deixou a evolução na muralha. Treze almas insólitas que pregaram em Jerusalém A revolta de mais tarde da era illuminati . Consola-nos, agora, o poder Que torna a chama maior e intensa. Não sei, por fim, quem poisa nesta dúvida de Galileu. Tudo se tornou passado. Álvaro Machado - 21h30 - 03-09-2013

Indeed!

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Decididamente o meu corpo aquece Quando não tenho respostas, nem consistência. E por isso o infinito universo arrefece Quando pesa a consciência. Eu não existo. Nenhum de nós está aqui. Com cruzamos é um sonho que nos juntou, Que mais tarde ele mesmo nos abandonou. E mesmo assim vivo intensamente, como se fosse daqui. Sinto um amor intenso pela vida e por toda a gente. Fico num estado frenético de tantas incertezas me perturbarem! E as voltas que o mundo dá, mesmo à minha frente, É a razão para vocês donos do universo se sagrarem. Mas o silêncio propagasse numa encosta a norte Para o nosso interior reflectir o que há para além Da ponte que separa o mundo de outro que nunca vem. Aí o tempo será mais forte. Decididamente, amo o universo e sinto-me enlouquecido. Vida que um homem leva como um vagabundo! Só porque quis saber mais, conhecer mais o mundo E como poderia ter acontecido! O cachimbo que respira o universo... A água que manifesta deus... O espírito sagrado e disperso Que vai di

Evangelho

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Não há bondade, nem reino nenhum Que eu possa desejar Enquanto estiver lúcido e disposto a pensar Que não sou qualquer um. Estou cansado que digam o que é certo, o que é errado. Limitem-se às vossas limitações enquanto crentes. Vocês não são mais do que serventes Do mundo que, rezando, está amaldiçoado. Nenhum livro me dirá para não sonhar Com ordem superior e irrefutável. Farei sempre o impensável Custe o que custar. Ser ousado, e ousar, é um acto nobre e superior Que deveria acolher-se de bom grado. Todos os livres-pensadores que se foram a deus teriam amor Se ninguém os tivesse enganado, atraiçoado. Álvaro Machado - 17h50 - 02-09-2013

Imitem-no.

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Compreendo – perfeitamente o compreendo – que todos por quem me cruzo, Com mais ou com menos ligação, hão-de partir na mesma época que eu. A mesma oportunidade nos foi dada e o tempo concebeu um tempo équo Para cada um de nós, na mesma altura. Conheço vários da minha época. Uns começaram por ser ambiciosos E acabaram por ficar conformados, frustrados também. Outros têm subido, têm sido um ascendente calculista de aparências, de mentiras, De um extremo que nem o Anticristo ousava vestir: uma pele de cordeiro velha. E por isso a solidão foi o que achei mais sensato a escolher para mim. Cansei-me – juro-vos, amigos, que é verdade – do que circunda ao meu redor… Nunca vi sossego, nem paz, nem felicidade surgindo naturalmente e sem segundas intenções… O próprio sistema e a sociedade corrompe os termos biológicos do ser humano… Inacreditável. Mas a vida foi feita para ser assim: inacreditável em todos os sentidos. Quem sabe se este pensamento, que agora escorre por mim e me inquieta inopor

“Quem me segue não andará nas trevas” (Jo 8,12)

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Deus quis que o pensássemos. Embebedou o universo flutuante Para que cada um de nós fosse crente E nele acreditássemos. Desfez-nos da alma Para que escutássemos o seu aproximar. Atirou-nos para o ambíguo fim de mar Que dá a sensação de transmitir calma. (Nem tão pouco isso sabemos!) E inevitavelmente nascemos… Com que propósito continua Deus distante? Talvez a minha vida seja só mais uma, Daquelas que lutou por um motivo alucinante E nunca teve, ao concretizar, sorte nenhuma… Álvaro Machado – 16:15 – 01-09-2013

Comemoração de idiotas

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Partindo com a triste fáeton, Retornando ao cerco da solidão. À grande cidade das coisas belas Que não sei sentir… Vim cá a convite de um idiota, Sobre os altos ciclos parisienses. Uma excêntrica comemoração Com tão pouco amor… Ainda não nasce o sol Já vejo, de novo, a tal minha cidade; Está um cerrado nevoeiro Para me recolher à cama, para sonhar… Tanta coisa dispendiosa Foi usada naquela noite de recepção. Valeu o vinho dos Campos Elísios Que me fez esquecer aquilo… Leonard Sagè – 13:27 – 30-08-2013

Dimensão superior.

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Qualquer dimensão exterior Me causa a impressão estranha De ser de uma força superior Que sempre ganha. Torna o ouvir, o ver e o sentir Muito mais do que se sabe Surge como uma ave Pronta para se despedir. Embarca a alma Para o universo de que foi pioneiro E ao comando, o barqueiro Dá a passagem secreta p’ra vida calma… Álvaro Machado - 18:50 - 29-08-2013