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A mostrar mensagens de abril, 2015

Inexistência de partícula

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Perdeu-se o sol universo fora e com ele foi também a luz intensa, fulgente que servia para o nosso dia doer menos; e se a água reluzia e o fado ardia em nós para toda a eternidade sucumbiu-se então... Fomos não o mar, mas as rochas onde o mar violentamente esbate; Fomos menos que canção, fomos parte dela esquecida num palco em escombros; Fomos não a voz gloriosa da humanidade, senão toda a mágoa, ódio e destruição... Quando deitámos para trás os egoísmos instaurados por patriotas de merda ou os filhos da puta vindos debaixo da terra, sórdidos, escasso se tornou o sentido e a permanência em terra e o tempo esvoaçara pelas nossa mãos como se nada merecesse o homem... Álvaro Machado - 04:29 - 26-05-2015

memória e raiz

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banalmente, no acaso do sistema solar, sei de mim e sei o que sou... sou um triste que pela noite de luar dos universos dispersou... sou uma dor sem cura que na sombra se inquietou à espera de uma brisa que na alma soasse a paz, a plenitude..., mas deus sempre negou que minha alma assim sonhasse… e assim me vou - ouvindo esta ópera distante, vivenciando estes leves passos pessoanos até ao esquecimento arrepiante que nos vem com o passar dos anos… adeus: mas leve e seguro. é assim que me vou. Álvaro Machado - 00:23 - 25-05-2015

Incompreensão racional

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Em um sonho de me não compreender Dou voltas sem as dar À volta de um novo ser Acabado de encontrar. De nome e tempo dispersos Soa-me como que conhecido Vem de longe, de longínquos versos - Foi assim que senti ter aparecido. No ser e não-ser da minha alma doente Em rodopios lancinantes Tudo o que me é alheio, tão como comovente, É-me mais do que dantes... Não sei se é o Mondego distante Ou a proximidade com o Tejo Em que aos poucos um volante Se me ergue um bravo ansejo!... Álvaro Machado - 11.50 - 09-05-2015

Incurável doença

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O amor acabou - próprio e de outrem. P'ra onde eu vou Mais ninguém vem. As feridas nunca pararam E o vazio em mim alastrou Todos os barcos e naus naufragaram E o mar nunca os avisou... Assim, na sombra precipitado, Fujo como quem ama a vida E apesar de nunca ter sido amado Aviso-vos antecipadamente da minha partida. Até ao outro lado, irmãos. (Todos os poetas são vãos...) Álvaro Machado - 11:05 - 08-04-2015

Instância de poeta

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Morrer lentamente Mais dor impregnada O é que a morte de repente Que nem chega a ser interceptada. A solidão onde à volta desvasta, A consciência do estar só, num ir lentamente, Em um sentimento contrasta Para o que tanto sente... Vida breve, e sem amor próprio Nos precipitámos para o abismo... Nunca no meu divagar pareço sóbrio -antes pertenço ao profundo cismo!... Álvaro Machado - 10:47 - 08-04-2015

transparência da alma

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fito, no horizonte largo e ténue, a máscara pouco a pouco a sucumbir; com o cair da noite amarga e lancinante dispo-me às árvores e às estrelas do céu distante nunca sabendo quando irei partir... que vida, que morte iminente, que desassossego! querer o mar, querer a inocência que outrora por aqui passou! tanto ansiar, tanto ir, tanto perder... e aonde no regresso a dor se encontrou não foi fora, mas foi dentro do meu ser!... Álvaro Machado - 23:04 - 05-04-2015

quadragesima dies

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Deleitam-se na crença No corpo e no sangue E mantêm a fé Em seu destino langue O enobrecimento do gesto, Da farsa que em todos persiste, Como vil nos soa em manifesto Que talvez o senhor não existe… À beira da natureza é que nos vem a paz Longe do bater do sino e da prece nefasta Acreditar que lá em cima todo o bem nos dás É razão que baste para tanta gente que se afasta No olhar onde o homem não sabe mentir Sufocam perdidos e desvanecidos Os homens que à força bruta querem sentir O perdão e a fé, porque estão arrependidos... Uma só palavra para todos vós: Farsa. Álvaro Machado - 15:44 - 04-04-2015

A arte silenciosa

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Calo-me porque o silêncio é sagrado e as palavras amaldiçoadas. Estagno porque o meu pecado é ficar de mãos atadas... E às vezes deixo-me pensar que na verdade aqui não pertenço. A minha alma é do mar e só a navegar é que venço... E é no meu calar que mais me hão-de ouvir. Quanto do que eu sou vai-me no expressar, porque só assim sei sentir... Álvaro Machado - 22:22 - 01-04-2015

Em Portalegre, cidade do testemunho

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fechado. vento cerrado. à porta de casa do poeta pareço certo, mas soo errado com uma crença incerta como que um sonho onde estou algemado. grito frenético aos transeuntes. ó vento suão, obrigado! toda a energia que impus nestas estrofes me deixam desolado! obrigado! obrigado! deus embriagado quem dera a mim ter mudado se te tivesse acreditado!... e a vida é viagem. em pouco resumi-a eu. ora breve, ora extensa, tudo é paisagem - se viveu, se morreu, ela se perdeu...  Álvaro Machado - 00:26 - 30-03-2015

Do navegador eterno

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Fez-se história de Portugal Mar dentro do incansável Por meio do descobrir imortal Tornado foi possível... Voltados às ondas barulhentas E aos tenebrosos canais Eis os portugueses a passar o cabo das tormentas E turbulências infernais... Do mundo inteiro, a meio dividido, Soubemos de coragem como ninguém; Deus, era deus que nos havia concebido De homens muito mais além!... Álvaro Machado - 03:17 - 29-03-2015

templários do tempo

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olhando, e fora da rota do sonho, esperar uma brisa ténue dos lados é um cinismo do deus enfadonho para os não amados... e uma gota caiu. o decurso do tempo desvaneceu. lá fora o homem sumiu do próprio sonho que ergueu... para assim, templários do pesar, porem à chuva o seu coração; de que vale o convicto acreditar se tudo move em volta de maldição? Álvaro Machado - 01:43 - 27-03-2015

morte vangloriada

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vangloriar a morte, meus irmãos. isso torna-nos presos a essa ideia, e essa ideia torna-se o caos... até que, quando envoltos nessa pessimista e infame ideia, vemos na dor um alívio inoportuno, descarado, miserável... e aí, irmãos do sangue e da terra árida de emoções, é onde reside toda a essência do poeta. o silêncio que nos tormenta a alma, a solidão que nos inquieta o desejo, a morte que quanto mais a vislumbrámos, mais amamos o fim, mais desejámos esse fim, mais queremos acabar!... rasgados em pedaços com a corneta de Érebo a soar pela madrugada inverosímil a confirmação da nossa própria morte! e que nos rasguem em pedaços, que nos leve os mares do além para que do além sejamos escravos eternos. soa pela quinta vez. a corneta do medo soou a sexta vez. cada vez soa mais e mais... e o abismo aproxima-se sem piedade. pareço morto - será que, enfim, vêem-me morto? será isto um sinal que tudo acabou, irmãos?  Álvaro Machado - 21:53 - 14-03-2015