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A mostrar mensagens de dezembro, 2015

Dias assim

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Ao bater suave da chuva no chão lentamente fui desintegrado desse nó que se me dava um arranhão tremendo no fado Saía-me da voz trémula o crer pleno e imbuído de certeza na verdade que fazia por ter em uma pequena luz acessa Mas a chuva depressa intensificou e as ruas imensas em mim o brilho se lhes depressa cessou E onde via esperança passou p'ra lugar sombrio assim como o coração que nada encontrou Álvaro Machado - 01:17 - 17-12-2015

Casas onde não trago memória

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Casas onde não trago memória fizeram de mim esta lembrança que hoje sou... Toda a vontade de querer se tornou inglória, de mim se me distanciou... Aquele calor vindo de ternura de mim não resta hoje sinal senão o de dor sem cura E aqueles sorrisos, aquelas gargalhadas, Onde os pensei reais e verdadeiros Não passaram de projecções falhadas!.. Essa vida onde, por sorte e infortúnio, havia sobrevivido? Não queiras uma; o sol jamais cobria meu semblante, as ruas tornavam-se naquilo p'ra que tinha desaparecido, e eu deixei-me ir, desvairado deambulante... Álvaro Machado - 22:21 - 12-12-2015

Naus à escuridão

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Queria que todas naus começassem a navegar... Que cidades inteiras - todas as luzes - sucumbissem E mergulhássemos em plena escuridão... Os lobos viriam das montanhas e os sinos alarmar-nos-iam - Também se vive lá no cimo!... Fossemos todos a mesma nau e a mesma viagem, Sem que a luz iluminasse a não ser em nós mesmos, E o medo que paira sobre o ar pesado do nosso quotidiano, As dúvidas, as preces, tudo isso Seria nada no porvir!... Tenho receio que isto seja apenas uma alucinação Do meu interior nefasto e torpe... E tenho por tantas incertezas o naufrágio desta nau no pensar Que me dói a alma, e se as águas agitam, pelo pouco que seja, Especulo tão-só!... Deus meu, não pode afinal o universo ser como eu quero? Porquê? Porque mo atiras tão cruelmente para o precipício de um poema? Creio que talvez, ou talvez não, quem sabe!, nunca vais ouvir tamanha confissão Nem escutar devidamente o pobre coitado que desespera, vão e inútil, Por uma breve certeza!... Álvaro Machado - 23:04 - 07...