Naus à escuridão
Queria que todas naus começassem a navegar...
Que cidades inteiras - todas as luzes - sucumbissem
E mergulhássemos em plena escuridão...
Os lobos viriam das montanhas e os sinos alarmar-nos-iam
- Também se vive lá no cimo!...
Fossemos todos a mesma nau e a mesma viagem,
Sem que a luz iluminasse a não ser em nós mesmos,
E o medo que paira sobre o ar pesado do nosso quotidiano,
As dúvidas, as preces, tudo isso
Seria nada no porvir!...
Tenho receio que isto seja apenas uma alucinação
Do meu interior nefasto e torpe...
E tenho por tantas incertezas o naufrágio desta nau no pensar
Que me dói a alma, e se as águas agitam, pelo pouco que seja,
Especulo tão-só!...
Deus meu, não pode afinal o universo ser como eu quero?
Porquê? Porque mo atiras tão cruelmente para o precipício de um poema?
Creio que talvez, ou talvez não, quem sabe!, nunca vais ouvir tamanha confissão
Nem escutar devidamente o pobre coitado que desespera, vão e inútil,
Por uma breve certeza!...
Álvaro Machado - 23:04 - 07-12-2015
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