todos no poema
Eu sou de todos, sem mais ninguém.
Sou do universo à noite, rodeado de dúvidas,
Sou do dia na manhã, com a brisa a escapar-me das mãos, vai e nunca mais vem,
Sou das estrelas cadentes que tiram vidas...
Sou da réstia de esperança que esta lá fora, memórias que sobressaidas
Tornam este quarto tenebroso e além vós,
Além paisagens, além snobes que se achem,
Além dizeres e não dizeres, contos e não contos:
Afinal sou eu não sou?
Sou eu de permeio, sou eu lá trás, aquele senhor até o caminho apontou,
Sou eu ali em cima do balcão, ébrio, a regozijar-me por ser um artista falhado,
Por quem ninguém se tem importado?
É não é? Sou de quem é ou de quem não é? Sou-me pelo menos para mim próprio?
Sou o almirante no meio do mar a seguir um caminho que já havia sido navegado?
A bússola que me deram é que o traçou
E eu segui-o; o almirante nunca contestou
Nem para onde ir nem com quem ir...
Sim, eu sou estes senhores todos. Sou um espelho de várias coisas indefinidas há procura ainda de um caminho, um cais onde o navio outrora atracou,
Onde cuspido ao mar, meu coração despojado,
Tanto acreditou que acabou naufragado!...
Álvaro Machado - 30.06.2023
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