Solidão de universo
Um espelho estilhaçado.
Um caminho com duas direcções.
Sentidos de mim reflectidos
Por entre a escuridão.
Ecos profundos que se erguem
E me assombram e me afugentam de tudo que mexe.
Quem és tu, afinal? E o silêncio logo se torna perpétuo;
nessa hora flagelo se me cobre por entre todo meu sangue...
Olhar e saber o que o olhamos
É uma dor que ultrapassa qualquer ciência.
Por isso, eu calo, eu fujo de tudo que se me cruza
No acaso da vida infortuna.
E estas perguntas, vãs como toda a alma humana,
Existem para que nós existamos de mesmo modo.
Não sendo nada, nada sendo, sendo tudo...
Querer sem saber o que querer, saber querer sem saber...
Que idiota, Deus. Que idiota que és.
És e não aclamas seres.
E, inda assim, invades-me os sonhos, tornas-me solitário,
Fazes-me poeta só por egoísmo...
Como consegues? Fizeste-o sem me perguntar.
Fizeste-o sem escrúpulos, sem sentido nenhum...
Fizeste-me não ter sentido nenhum!
Fizeste-me ser dois.
Não consegui ser. Não consegui não-ser.
Não consegui desintegrar-me, e odeio-te por isso.
Porque não consegui coisa nenhuma.
Vivi por perguntas, morri por respostas,
E elas nunca acabaram por chegar...
Álvaro Machado - 04:07 - 08-08-2014
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