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A mostrar mensagens de fevereiro, 2015

Chuva destrutiva

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Num dos inconscientes instintos da alma, Volto-me, além-sentido, para uma criação do nada... E deixo-me estar à chuva, inquieto e sórdido, Envolto num cismo profundamente inútil, Até que caie a noite. Depois, convicto, lúcido, desajustado à realidade humana, Ergo o meu chapéu intelectual, coloco o sobretudo aos ombros, E por aí fora me deixo ir, me deixo levar insensatamente Como que fosse o expoente da loucura acreditar Que não somos inúteis!... Dei goles profundos de um vinho estranho, mas saboroso. Só assim pude realmente esquecer o raciocínio do nada que construí... Bebi-o até cair redondo no chão, a balbuciar o terror que acerca o meu coração, E a pedir-vos que me deixem, que me deixem cair no abismo, No esquecimento profundo: deixai-me! ( Chove mais em mim do que lá fora. ) Álvaro Machado - 18:18 - 14-02-2015

resguardado homem

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bati à porta, aguardei deus para a abrir... esperei demasiados e longos anos, ao frio, à chuva, usando gastas palavras e sonhos esquecidos... até que me tentei tornar num dos tantos milhares, com vidas normais, a não questionar-se sobre fundamento nenhum... mas havia sempre algo. algo que não me deixava simplesmente viver. suspirava fundo: o vento fizera-me renascer, a saudade chorar, o errante vadio filosofar!... porque, para mim, nenhuma brisa reflecte a mesma sensação, porque, em cada uma delas, eu recrio o mundo, encho-o de novos pensamentos, de novas cores, do tutano da vida! deus..., deus não me abriu a porta, deixou-me à porta e nunca veio... revoltei-me; durante a minha vida inteira abri-lhe o meu coração, nunca a nenhum comum dos mortais, contei-lhe todos os meus sonhos, mas ele nunca veio... cavei uma sepultura então. e até hoje continuo debaixo dela numa incessante solidão!... Álvaro Machado - 13:07 - 08-02-2014

viajante deleitoso

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alma de viajante? nenhum espaço relembra. saudoso só do nada que é amante, do mais sombrio deleite que o quebra e da solidão que lhe é lancinante... o não sentir-se distante, nem perto, nem mesmo sentir o ranger do vento ou da onda gigante, não faz o corpo se mover e ir adiante... antes, fá-lo parar, deixar de crer... ser em terra ou em mar onde há-de morrer? o que importa é viajar. Álvaro Machado - 23:02 - 21-01-2014

feixe de luz

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vagueei até se me exaurir todo meu acreditar.... o andar que fez o dia partir e a noite fria chegar o rosto o não faz reluzir... indo, meu cavalo cavalguei, meu espírito fiz erguer como fosse ele crer que a porta é ali, que cheguei à vitalidade, ao jamais morrer!... após toques secos e imperscrutáveis nada aparecera, o só silêncio perdurara... e o poeta, quieto, submisso, que vira que ninguém chegara, voltou-se e desapareceu na escuridão: afinal tudo é tão vão... Álvaro Machado - 01:52 - 28-12-2014

Escrito à superfície

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Encontrei paz em meu espírito, mas nunca encontrarei no sentir. O sentir deveras é descrer. Por entre mim, os deuses fazem-me rir Por quererem que eu veja Aquilo que eu não consigo ver... Álvaro Machado - 15h48 - 17-12-2014