Chuva destrutiva
Num dos inconscientes instintos da alma,
Volto-me, além-sentido, para uma criação do nada...
E deixo-me estar à chuva, inquieto e sórdido,
Envolto num cismo profundamente inútil,
Até que caie a noite.
Depois, convicto, lúcido, desajustado à realidade humana,
Ergo o meu chapéu intelectual, coloco o sobretudo aos ombros,
E por aí fora me deixo ir, me deixo levar insensatamente
Como que fosse o expoente da loucura acreditar
Que não somos inúteis!...
Dei goles profundos de um vinho estranho, mas saboroso.
Só assim pude realmente esquecer o raciocínio do nada que construí...
Bebi-o até cair redondo no chão, a balbuciar o terror que acerca o meu coração,
E a pedir-vos que me deixem, que me deixem cair no abismo,
No esquecimento profundo: deixai-me!
(Chove mais em mim do que lá fora.)
Álvaro Machado - 18:18 - 14-02-2015
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