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A mostrar mensagens de agosto, 2015

Substância

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Vês? Ali, ao longe, é tudo. É o universo, a verdade crua, o sentimento despido de interpretações. A luz que vês é sábia, é intensa, é virtude... Ela guiar-te-á. Eu sei, a sensação é um audaz abalo. Acaba por fazer ruir os alicerces onde nos equilibrámos... Mas sabes, não posso dar-te a chave, não posso vender-te o mundo como Orionte vendeu Que importância tem isso para ti? Olha para o céu. O céu tem tudo. Vê, sente: inspirámo-nos, condessámos a metafísica, hoje escrevemos com o coração tamanha obra!... Que vale a pena na vida? O indefinido, o incerto, o desconhecido - isso move os poetas, às escuras, na caverna do desassossego servos de todo aquele misticismo, dos devaneios repetidos, do porquê inverosímil... Não sabias que sou cego? O melhor do mundo não é ver, é sentir além-mim, além-ti, além-tudo... Álvaro Machado – 04:54 – 29-08-2015

o mar destruído

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onde está aquele mar da esperança, frenético, independente do céu? onde estão aquelas ondas em quem tanto questionávamos pelo universo? não ouves? ah, eu oiço-o como que ainda fosse hoje: o respirar absurdo do coração envolto nas estrelas, imbuído de sonhos, batendo mais e mais, na ânsia de que o sonho se torne lei dos poetas... mas eu não sei onde estás, não te oiço... estou sentado, velho, esquecido, e tudo, em volta, se tornou difícil para mim... Álvaro Machado - 01:30 - 14-08-2015

Perda de tom

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Lenta e drástica vem Num soar disperso E se me pesa, pesa-me tão bem Como que a todo o universo E a curva da esquina será indefinição Em esse sempre eterno e fiel; Servos leais que nunca vêem no não O rodar livre de um carrossel. Assim são os que nas montanhas se refugiam, Leis esquecidas, vácuos desertores, Os poetas que nesse virar de esquina escreviam Insubmissos e inatos sonhadores!... Álvaro Machado - 14h58 - 10.08.2015

Ébria fuga

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Com o copo de vinho que tenho defronte desfaço-me da realidade como as crianças fazem sem o saber. Assim, tenho só um pensar cru e imaculado, a certeza de que o belo me contagia, que sou um pobre feliz... Ah, e não o pude ser antes... Antes atravessaram-me os pensamentos mais torpes, a escuridão plena dos meus maiores medos... Não sabia ser. Tudo era imenso, disperso, desfragmentado... Não sabia não pensar quando me via sozinho na berma da estrada... E Caeiro era tudo para mim. Com ele era-me livre... Mas havia sempre a sensação que a vida é uma nau sem porto onde possa atracar, aonde a dor nunca cessaria, e que em mim isso estava cravado no coração para todo o sempre. O vinho acaba por me levar além da realidade doente e eu sou uma criança muito pequena cheios de sonhos por concretizar. Álvaro Machado - 16:03 - 27-07-2015