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A mostrar mensagens de outubro, 2017

de folha em folha, tudo cai vão

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cai folha, cai em vão cai sempre a cair vai, não escutes o coração que de ti não sabe sair vai pelo chão mergulha nos ermos semblantes que onde estou só fito escuridão vai pela margem dos transeuntes cai folha paradoxal e quase atómica nem de mim sei, por que haveria de ti saber? perplexa e errática e mística por minha vida desconhecer!... Álvaro Machado - 18h50 - 31-10-2017

Ruy Belo - Morte ao Meio-Dia (Álvaro Machado)

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Depois das tragédias e dos rostos lívidos no meio das chamas. Depois de toda a azáfama política. De Tancos. Do caos. Achei por bem trazer-vos Ruy Belo. Ou, como diria o próprio a propósito de Portugal, "no meu país não acontece nada". Álvaro Machado - 19h05 - 19.10.2017

Da outra margem!

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o sol está posto, mas é da outra margem que somos... da margem onde as mãos inda esfriam onde as ruas se imbuem de gelo e a névoa preenche o vazio da estrada... é daqui que todos te almejamos. todos os dias fitámos o céu para te contemplar. o que somos, o tempo que esperamos temos de deixar, nunca abdicarmos... não sei se o sol algo dia reluzirá aqui... se as casas terão enfim luz a abrir as portadas... não sei se existiremos no amanhã ou no momento seguinte, mas deixemos ir... Álvaro Machado - 02h57 - 11.10.2017

confissão marítima

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o meu coração é agora a nau prestes a atracar em qualquer porto atraco à noite pesada e sombria ou talvez à manha clara do dia seguinte estou quase a chegar! que emoção de conquista! iço sobre a nau a paz almejada naquele pedaço de ilha defronte mas logo uma turbulência desmedida posta na força do mar insano quebra em pedaços a nau do meu coração e o sonho, o amor de ali chegar, cessa em permeio... Álvaro Machado - 03h51 - 09.10.2017

Diploducos

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Não percebo os campos verdes defronte Nunca percebi verdadeiramente nada... Um livro inacabado preso ao vidro baço Separando eu e aquela vida quotidiana. O comboio parte cedo na velha aldeia em escombros Nas carruagens mórbidas inalamos fumo Sem saber as consequências do indefinido Ah tão claro e controverso! Universo sobre cada átomo seu! Praças imundas, rostos lividos, cépticos Nas entradas do coliseu romano!... Assim serei. Assim seremos. Vácuo dinâmico e errôneo. O que me destrói não sou eu nem os erros humanos: É aquele vidro baço. Álvaro Machado - 01.09.2017 Dedicado ao meu amigo Leo!...

Tela final

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Um a um vamos caindo Num abismo sem fim Às portas fechadas na chuva turbulenta Giram corvos numa dimensão tremenda Um a um, engolidos por razão qualquer, Da vida vamos indo Nessa estrada feita em ermo Razão parva de corações sentindo E a mágoa de qualquer um? Colocam-na nos deuses dispersos Girando e voltando a girar em mim Até brotados os versos. Álvaro Machado - 01h42 - 13.09.2017

Lapso fragmentário

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estado bruto e cru aquém profundas crenças sóbria dialéctica encaixilhada ao mundo aonde girámos estremece defronte o baco nos navios saudosos doutro tempo lágrimas, heroísmos disfarçados commumente a história escreveram mas onde, ó barcas infinitas? nas memórias trazidas ao peito pálido, nos desesperos repartidos ao vácuo da humanidade? que crer? e por quem? Álvaro Machado - 18h37 - 16.07.2017

Morfina cerebral

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Vácuo... as horas perspassam infinitamente Em que desassossegos me disfarço Até a chuva ouço dolorosamente Súbito, fugaz embaraço O passado? Não o tenho consentir. Fui frágil por deveras sentir. As naus partiam e regressavam E nunca era senão as mesmas a vir... Lá no cimo, infinito que chamamos, Guardo rancor a tudo que ouse existir, Enalteço vozes sombrias só para te ouvir Dizer que nunca nos amamos... A cave é lancinante. Os deuses não existem... O meu desabafo é covarde, desesperante As dúvidas sempre persistem...

Fogo-fátuo

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Do cadafalso em dobre Prolixo de mim estou Esta dor onde cobre O coração que naufragou Atónito e de permeio Lendo, conformado, Do vasto sonho anseio Em pequeno passo dado Em noites de luar Tidas minhas por decreto Mais poesia só te posso dar Do imenso vinho reflecto Ah, pesar sim, Mas como prosador honrado Não peses mais senão assim Fiel e à poesia ligado!... Álvaro Machado - 03h02 - 25.06.2017

Desavença do Restelo

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Portugal, hoje tecemos rasgadas suposições Sobre coisas vãs, sem cerne nem rama P'ra que os abutres se deleitem em fama Enquanto, na cave, outros compõem canções Sem roupas, sem reconhecimento, sem uma coluna num jornal... Fazem do tédio a inspiração que precisas, Elevam as tuas cinzas Numa obra magistral... Portugal, hoje vejo-os chorar Sem te conhecerem de perto Convictos que um deus incerto Os oiça a rezar... Foi preciso arderes, ficares quebrado Para esta nação tempestuosa sentir Quão intenso é da India mais português vir... (Portugal, o teu nome está amaldiçoado...) Álvaro Machado - 00h59 - 23.06.2017

Contos de um soldado

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Pões nas minhas mãos esta partilha fugaz de sensações - universo plasmado em ventos suãos entretecidos de emoções Pões em mim uma consciência do universo. Sinto-o, sozinho e desconexo, num pequeno recanto, disperso onde de vez em vez me expresso Pões tanta coisa, mas pouco é o que não é vão!... O amor à pátria, e os desejos do mar, o imenso vendaval, o suar da imperfeição que outrora já me fez amar E agora me levou a um desassossego, A um lamento onde me traio, Em que, por vezes, tento-me, quase cego, como se me tivesse caído um raio... Acreditei demasiado na humanidade. "Sucedâneos de Deus" - reiteravas, contido e crente, sobre toda esta insanidade que chamais de gente!... Pões. Sempre puseste. A caverna esfriara finalmente. Éramos então como soldados da saudade, destemidos ao caminhar em frente, em busca de felicidade!.. Álvaro Machado - 04h49 - 06.06.2017

Ao sombrio sofrimento!

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Arqueiro de todos os males Entrai e vê-de este coração Quebrado e de saudades Cravado no chão Vê-de como por cá está a chover Sem sensação nenhuma a causar Sensação que está prestes a morrer Quem este queria amar.. E eu, meu coração despedaçado? Ontem tremi, hoje não me sou. Gelo perante essa epopeia a nado Que em mim cedo naufragou... Álvaro Machado - 1h41 - 16.05.2017

(in)definida viagem

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quero como quem quer uma coisa qualquer sem sabedoria alguma no seu viver quero como quem quer esta ou outra paisagem ao amanhecer ou então mesmo nenhuma (é nefasto assim querer) quero como quem quer ousar sem ousar, crer sem crer até que o sol doirado suma ou a lua o faça desaparecer e na ida, apressada dizem, seja tudo neste passar indiferente Findo ou infindável, todos se afastem Porque a vida é uma corrente Pobres somos nós - somos gente Álvaro Machado - 21h00 - 02.03.2017