Contos de um soldado


Pões nas minhas mãos
esta partilha fugaz de sensações
- universo plasmado em ventos suãos
entretecidos de emoções

Pões em mim uma consciência do universo.
Sinto-o, sozinho e desconexo,
num pequeno recanto, disperso
onde de vez em vez me expresso

Pões tanta coisa, mas pouco é o que não é vão!...
O amor à pátria, e os desejos do mar,
o imenso vendaval, o suar da imperfeição
que outrora já me fez amar

E agora me levou a um desassossego,
A um lamento onde me traio,
Em que, por vezes, tento-me, quase cego,
como se me tivesse caído um raio...

Acreditei demasiado na humanidade.
"Sucedâneos de Deus" - reiteravas, contido e crente,
sobre toda esta insanidade
que chamais de gente!...

Pões. Sempre puseste. A caverna esfriara finalmente.
Éramos então como soldados da saudade,
destemidos ao caminhar em frente,
em busca de felicidade!..


Álvaro Machado - 04h49 - 06.06.2017

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