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A mostrar mensagens de agosto, 2013

Fúnebre lição

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Esfriaste-me quando mais precisei De usar o teu fogo ardente. Perdi-me por entre esta gente, Que também por abandonar acabei… Fiquei-me pelo esquecimento. (É-me destino inevitavelmente) Fiquei-me pelo medo desesperante Que a toda a hora dá sofrimento… E vocês… sabem tão bem viver… Sabem tão bem abraçar a felicidade… Um de vós, dos tantos, um qualquer Por princípio toma o fim como continuidade. Mas eu…tenho demasiadas consciências entre mim. Demasiados cadafalsos para não cair. Estou tão enterrado e confuso… não sei como sair… Será este o meu incontornável fim? Álvaro Machado – 22:31 – 25-08-2013

Habeas corpus ad subjiciendum

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Eu? Não passo de uma escadaria infinita Quanto mais a subo, mais me confundo. Todos os meus conhecidos que por mim passam Olham e continuam. Não se abstêm de continuar. Para a plateia que intercepta o meu sonho, ou que por acaso se cruzou comigo, Invoco os sentimentos de versos para que também o sintam... Cada verso solto é p ara que sintam, e para que vejam bem a liberdade Com que são ditos, assim como coisa natural... E eu continuarei dizendo que os meus versos, tudo aquilo que tenho escrito, São apenas tinta gasta de um coração e mente destroçados... São como um sonho. Quando rasgo versos, perco-os para o fundo do oceano, Perco-os para sempre, para a eterna escuridão... Sintam como eu, dentro desta sala de sonho, o sentir que há ali nos versos. Chamem-me louco. Completamente louco! E por isso eu leio versos, Porque tenho inteira liberdade e convicção para o fazer! Saiam das vossas vidas por um instante e façam por sonhar sem restrições! Desolado, escondi-me nu

Para Winston

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Parte em cada pôr-do-sol Enquanto é vontade. Parte senão fica tarde. E com o tempo virá a saudade. Parte livre e bate asas Enquanto em tua mente ninguém mandar. Parte e mede bem tudo aquilo que faças E o destino só o bem te irá dar. Parte meu amigo, parte. Mostra ao mundo a tua arte. Renasce ao pôr-do-sol! Álvaro Machado – 00:57 – 20-08-2013  

Tempo.

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O tempo escassa. Tempo que já foi meu, já não é. Tempo que desabou numa maré Que já não se ultrapassa. Tempo vão... Saudades de o ter na minha mão... Fazer dele a minha salvação Ou a minha perdição... Porém, tempo meu. Tempo em quem escolhe o que seguir sou eu. Mas escassa-se-me agora e não sei o que pedir Ao tempo que me fez partir... Álvaro Machado - 00:14 - 20-08-2013  

Enigmático

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Muitos vivem de histórias, outros de inocência. Todos, porém, vivem escondidos, escondem-se ao virar da esquina, Sobre outro mundo mais triste do que este, Cruzando outras caras mais assombrosas do que estas, Vagueando entre espaços antigos e esquecidos Com o medo de saber quem são. Incompreendidos, desses muitos, acolhem o esquecimento por mágoa Até que a sabedoria e a consciência se acabem por evaporar. Resta-lhes viver. Serem eles o que não são, nem foram nunca. Desfolhar a triste história de vida que ousaram seguir covardemente, Cambalear nas tristes figuras de insontes disfarçados E crer na ilusão para não ter que sofrer. Poucos, desses largos milhares, sentem que é preciso questionar-se para se viver - O que mais tarde se revela inútil, mas um acto lúcido e valente! Das muitas questões que se colocam, dos muitos olhares que se erguem, Das noites passadas em branco e em cismo, Das febres insensatas e exageradamente sentidas como reais,

Outros.

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É um insulto à alma - aliás, à compreensão - Sentir saudades de quem não conheço. Velar por elas mais do que a mim, Crer-lhes bom porvir... É descabido e desinteressante Pensar assim e escutar vozes Que nem sei de onde vêm nem sei se existem. E de repente partem-se para o horizonte... Quem está dento de mim é prolixo. Caminhos que não levam a lado nenhum, Senão o olhar as dúvidas das pirâmides E nos universos que se propagam... Álvaro Machado - 22:31 - 15-08-2013

Cave

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Está muito distante. Na cave fria que ninguém lembra E onde ninguém vai ao encontro. Só sei que é distante... Só sei que por lá ninguém passa... Está no limbo e por lá ficará enterrada... Sonhos que se vêm e que se vão, Diante de um vazio mais vazio do que o de estar triste... Ondas amargas que nem do mar são... Pedir será em vão, porque calhou assim... A distância na distância criou um frio cerrado: Talvez a morte tenha chegado. Álvaro Machado - 21:52 - 15-08-2013

Sem nunca perguntar

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Sempre turbulento o meu olhar... Sempre sofrido o meu sentir… Que caminho hei-de, então, tomar Se eu não sei por onde ir? Como acordo sem saber, Deito-me sem perguntar O que me irá acontecer Quando mais não poder navegar… Navegar é para mim toda a essência Que faz de um homem, um homem. Tantos que, como eu, vãos por excelência Nunca sabem porque morrem. Álvaro de Magalhães – 18:18 – 14-08-2013

Ente Supremo

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I. Turvo destino que calha porque tem que calhar Se em nossas mãos o não podemos mudar. E o crescente infinito que nos faz questionar, Em mesmo crescente nos faz ser nada. Tocam-no no céu, tocam-no em cada olhar - Infinito vácuo por onde jaz todas as incertezas da alma! II. Que já nem sei por onde suponho, de facto, existir Meus olhos iludem meu sentir… Que pensar tira tempo ao tempo da vida, Já do pouco que resta e não se interrompe… Bate o coração em todas as estrelas. Qual será a direcção? III. Fragmentos são o que nos compõem, São sentidos inacabados para fins impossíveis. Inquieta dúvida ou assombrosa novidade - A nenhuma, porém, se revê a humanidade. Somente se ouviram partidas e chegadas nesta instância, Que a tantos de nós suscita uma súbita ânsia. IV . O universo chega a nós na escuridão da praia intemporal. E o que me ouso dizer? Nunca vi nada igual. A verdade é que todos a carregam, que tudo se assemelha a ela. Essa verdade que ninguém sabe e tudo supõe. Álvaro Machado

Infinito.

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Quero estar defronte de nada, além... Andar de volta em volta até esquecer Qualquer estado do meu ser - Aquele que não pertence a ninguém! Quero repousar-me calmamente, Esquecer por que vim ao mundo... Entardecer até ao infinito poço sem fundo E saborear isso diante do supremo ente... A distância se valha a nós porque é destino E o mesmo destino valha por nós - Seja onde for, encontrará a nossa voz - No recanto puro e divino... Por entre isto e tudo o que for Viverei além, nos confins sagrados A ver a tão nítida dor Dos que de perto vivem derrotados. Álvaro Machado – 22:28 – 12-08-2013

Claridade

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Suspende-se no horizonte Esta claridade tão peculiar Que, sobre um alto monte, Olho p'ra vida de renovado olhar, Eu, lado a lado, com Orionte. Leviana brisa que nos vai acompanhando, Fresco pensamento que só vive do agora; Rodeados de pássaros, que por nós vão passando, Colhemos a vida selvagem a toda à hora Contentes de a poder ir olhando... Dos altos píncaros vive-se destemidamente. Como o não sei porquê, vivo-me perto das estrelas E vivo-me longínquo de todas as aspirações de gente (Aspirações dessas nunca hei-de tê-las.) Porque é do cimo que mais se sente. Orionte, mais do que eu, vive perto Da tão pura virtude... E o desfecho até agora incerto Chegará a si cheio de plenitude Porque viveu sempre de coração aberto... Álvaro Machado – 22:03 – 11-08-2013