Enigmático
Muitos vivem de histórias, outros de inocência.
Todos, porém, vivem escondidos, escondem-se ao virar da
esquina,
Sobre outro mundo mais triste do que este,
Cruzando outras caras mais assombrosas do que estas,
Vagueando entre espaços antigos e esquecidos
Com o medo de saber quem são.
Incompreendidos, desses muitos, acolhem o esquecimento por
mágoa
Até que a sabedoria e a consciência se acabem por evaporar.
Resta-lhes viver. Serem eles o que não são, nem foram nunca.
Desfolhar a triste história de vida que ousaram seguir
covardemente,
Cambalear nas tristes figuras de insontes disfarçados
E crer na ilusão para não ter que sofrer.
Poucos, desses largos milhares, sentem que é preciso questionar-se
para se viver
- O que mais tarde se revela inútil, mas um acto lúcido e
valente!
Das muitas questões que se colocam, dos muitos olhares que
se erguem,
Das noites passadas em branco e em cismo,
Das febres insensatas e exageradamente sentidas como reais,
Tudo é incompreensível! Tudo!
E, afinal, também eu me sinto incompreendido, friorento e
entontecido.
Também eu me escondo nos lugares mais recônditos da terra,
Por entre sonhos enigmáticos, por entres sombrias maneiras
de pensar...
Sinto-me noite, sinto-me uma má criação de Deus; tomo-me por
ninguém...
Sempre seria mais fácil ser desses muitos que se enganam,
Mas que não sofrem!
Álvaro Machado – 22:50 – 19-08-2013
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