Olvidar na hora morta
Olvida, defronte,
o inda vermelho do poente
que magistral e brilhante
contemplá-lo, nunca mente...
Mas dêem-me um momento,
irmãos, um momento somente!...
Onde vêem arte se o que há é fingimento
mão morta, cabeça cortada, alma presa à corrente?
Sim... escutamos o silêncio do pós-poente, além-olvidado,
pois não há mestria nenhuma em sofrer pelo passado
(estarei, nestas horas de tédio, esquecido do real?)
do porto, ainda porto, do porto desencontrado...
Poesia obscura. Soltos versos, funestos, inócuos, absurdos
como afinal sois todos vós, de poesias baratas no bolso do lado,
romances escritos por romancistas surdos...
Ah, causais-me enfado!...
Sim, sim, outra vez: são duas da manhã, nenhum de vós me vai ler...
Puta que vos pariu. Não quero. Não me vendo às horas badaladas
onde quem lê nunca lê no ler para além das frases dadas...
Eu cá prefiro só escrever, escrever..., e endoidecer!...
(O resto são cartas velhas e cansadas.)
Álvaro Machado - 02h03 - 18-05-2016
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