sem desfecho
para mim estar nessa multidão
é como se não existisse.
cada passo e cada suspiro meu
é uma tremenda ilusão.
é cair de rastos no chão
sem me conseguir levantar mais.
são as iluminações e os barulhos,
eles confundem-me;
e o corpo e a mente perdem-se
horas a fio, sem nunca mais se encontrarem...
caminho, porém. lado a lado com a lua,
eu caminho sozinho...
p'ra onde? p'ra lado nenhum...
lado nenhum, pois; então é tudo um vácuo
e eu sentir não vos importa
coisa alguma...
é mais um que na sombra se mexe
e na sombra se perde
até à eternidade do ser.
é só mais um com fantasmas e receios,
com cadafalsos e mentiras entre eles...
que me importa viver?
viver assim é não viver assim.
pouca coisa resta, porque eu por dentro morro
em um requiem de obscuridade ébria...
estarmos juntos no amanhecer?
mas que amanhecer nos há-de juntar
se nós fomos feitos para estar sós,
longínquos, sem sabermos da existência um do outro,
ainda que saibamos perfeitamente que existimos?
juntos é uma história que ilude a fogueira que talvez arda.
ou que talvez não arda.
é-me indiferente. como a minha vida o é
- quer acabe, quer continue, quer seja de coisas boas ou más...
esta é a minha maneira de estar só.
só no estar, só no pensar, só no sentir,
só para escrever...
vamos apenas quebrar as regras,
sermos livres, cada um à sua maneira.
não é assim? olhem para mim, eu caminho sozinho,
alheio de mim, sobre a noite ténue e a madrugada inexistente...
quem sente, sofre o que sente.
e sente que sofre.
que mágoa inda por magoar
muito mais além do que é ser homem...
Álvaro Machado - 02:12 - 11-06-2014
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