Dúvida permanente
Se calhar o destino é para vós.
Nunca me revi nele nem por um breve momento.
Se calhar, ou decerto, a vida pertence a vós
E não a mim, que nunca me senti realmente a vivê-la...
Se ao menos um gládio soubesse manejar!
Ou, por simples facto, um escudo, para me defender!
Se ao menos uma dor menos agonizante eu sentisse,
Um pouco mais me sentia a viver!
Se cada alma fosse pura como as que penso que existem,
Mergulhado em silêncio e plenitude e paz eu estaria.
Se nada disto existisse, nem mesmo o que não existe,
Como um oceano largo e quase infinito se viveria.
E, nem eu, nem vós, pode sequer falar da vida
Porque nem sabe se ela realmente existe.
Somente nos cruza o sonho, que tem diálogos e paixões,
Que tem maneira de iludir-nos de tão comovente.
Toda a dúvida existe nos elementos,
Na dimensão, na impossibilidade, no infinito...
A vida é para vós, que fazeis dela tantos lamentos
E não para mim, que a faço só um grito...
A dúvida permanece no cheiro intenso do incenso.
Queima e logo se desfaz.
Sinto-me louco. Não consigo fazer escolhas de bom senso.
Que falta a vida me faz?
Álvaro Machado – 20:15 – 19-06-2013
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