Tarde dos bons costumes
Não sei, mas acho que estou perdido.
Para mim, todas as pessoas por quem me cruzo,
Todo o lado de lá das ruas e dos passeios,
Todo o pôr-do-sol não tem sentido.
Os meus dias são devaneios
E dou-lhes pouco uso.
Uma vez, lembro-me perfeitamente,
Encostei-me à sombra a ver os animais.
Larguei os costumes, as regras que deus me deu,
Naquele instante fiquei tão contente
Que, com franqueza, não sei o que aconteceu.
Foi bom e desapareceu cedo demais.
As mãos com que lavo o meu rosto
E a cara em que me vejo são o meu desgosto.
Eu queria ser quem sou e não quem estou a ser,
Queria arremessar o jornal e as teorias que nada valem,
E fugir, fugir é a viagem
Que sozinho terei de fazer.
Ó alma de ventos tristes, qual é o caminho a seguir?
Dá-me alguma coisa com sentido e que possa sentir;
Devolve-me a tarde que me deu prazer,
Que agora as tardes são de ócio e sem esperança
E o sol que lhes alenta sempre cansa.
(Só Deus sabe o que está a acontecer!)
Álvaro Machado – 23:15 – 25-06-2013
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