Metafísica ponte



Derroca-se uma ponte
Imbuía de sonhos, do que queria para mim
Anos levei para, na minha mente,
A construir, torná-la verdadeira,
Parte de mim e do meu ser.
Bem me recordo da vontade, do ânimo
De saltar da cadeira só com a ideia a surgir!
Bem me recordo de como eu era...
Frenético, imparável, pronto para conquistar o mundo.
Vozes contra? Nem se faziam ouvir.

Mas a ponte, agora, derroca-se
Diante do meu ser.
Desmorona tudo, tudo aquilo que poderia dizer
Ser a minha essência.
E tanto mais não é que eu olho reconfortado
Com minha própria impotência
Ao ver que o sonho está a ser atacado
E eu nada faço para o impedir?

Não sei, desculpem-me, mas não sei
O porquê de não conseguir reagir,
De não conseguir tirar os pés do chão,
De não conseguir dizer: não, não a levem!
Eu não quero nada, sinto-me cansado de tudo,
Em mim mora a inércia e a descrença
De tudo e por tudo, se acabar, que acabe,
Se continuar, que continue...
Eu simplesmente deixei de me interessar.

Mas porquê a minha ponte,
Os meus sonhos, o meu futuro?
Porquê a ponte?
Porquê...
Levem-me tudo. Derramem-me para a solidão.
Deixem-me para aqui no cismo das minhas horas
A pensar num sentido para dar à vida, guardem só para mim a tristeza,

Mas não deixam a ponte derrocar!

Álvaro Machado – 21:53 – 08-02-2014

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