Cara liberdade
(Que as linhas que hoje escrevo Sejam a memória precoce De alguém que tudo poderia ter sido, Mas que, verdadeiramente, nunca viveu.) Encontrara-se estes versos ainda com tinta fresca Sobre uma cómoda velha, que parecia imbuída de recordações; Num segundo momento, os olhos procuravam quem havia escrito os versos, Mas que nunca ninguém encontrou. - Que, francamente dizendo, se achou Vindo de outro local; que, inocentemente, pensou Ser um libertário entre homens, Mas que a liberdade nunca conheceu. "E, no entanto, libertário!", disse sempre. Aliás: disse-o e sempre o disse bem. Que, quando a sua voz cessou, Memória em nós eternizou!... E, no entanto, ficou conhecido entre nós Pela vivência em constante liberdade, Liberdade essa que foi o preço a pagar Com a sua precoce partida!... Álvaro Machado – 22:36 – 29-07-2013