Tróia


Sepultado no oceano mais longínquo e mais tenebroso,
Num constante silêncio cheio de nada,
Vive, morto, o coração de mim.
Ninguém o recorda, e ele nunca existiu.

Fugindo de rota, recuando atrás no tempo,
Vive-se de heróis e de coragem os dias,
Preenche-se de sangue e de traição as noites
- Estamos na Guerra de Tróia.

E os movimentos inatos de guerreiro,
O corpo esbelto e destemido, o olhar desafiador,
A firmeza das mãos, tudo, derrota um exército inteiro
Somente com uma espada entre mãos.

Heitor seu sangue vê derramado sem piedade,
Sobre uma mão erguida contra o sol e a voz de intocável que diz:
«Vinde um a um, vinde aos pares, vinde de uma manada só.
Eu sou Aquiles e nenhum de vós me vencerá!»

O tempo cura tudo. Até o que não cura.
No mar anterior, o mar que virá a sepultar Tróia,
Arde em chamas intensas pelas mãos de Hefesto
O coração que virá a pertencer a mim.


Álvaro Machado – 23:54 – 29-06-2013

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