Os meus versos derradeiros


Parece-me, sinceramente, serem estes os versos derradeiros
Em que exprimo formidáveis estátuas como se me pertencessem
E, no fundo, sempre esperei serem estes os versos que enaltecessem
Os tempos que percorri com os marinheiros

Alongava-se o Sol nas costas orientais… Desaparecia nas esquinas esfriadas…
Lançávamo-nos ao Mar, lançávamo-nos à derradeira sorte…
Sempre quis ser assim, sempre quis estar assim – longe da morte
E com as memórias renovadas.

Desenlaço de cores primárias, desenlace de primatas...
O homem que é, e sempre será, uma corrente em alto-mar,
Sonha ser um esbelto marinheiro. E quem o é nunca há-de voltar,
Pois nas marés não existem datas…

Ó oceano cheio de maus sentimentos! Maré volta para mim,
Que eu espero-te, saudoso, numa saudade sem fim.
Saudade não te afastes! És tu que navegas este interior
Que sonha, vive e pensa em terror.

E assim escrevo o meu único desejo enquanto mo permitiram:
Costas recortadas, nuvens esmiuçadas, pontos cruciais!
E o que é sentir termos um sentido e formas carnais?
Não sei... Será que alguma vez elas existiram?

Álvaro Machado - 21:38 - 18-07-2012

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