Aberratio personae


Está silêncio no vidro da minha janela.
No interior luze uma queimada vela
Que arde e faz arder a alma
Como uma chama sem calma.

Lá fora! Aquele exterior da sociedade!
Os meus olhos vêem diante de mim
Uma união, de facto, num frenético festim
E a janela, por onde vejo, cega-me de claridade...

Perco a visão de todos eles! E de nenhuns!
Será que eu estou a vê-los? Não sei...
Ó pobre coração que nem em ti posso acreditar!
Fito aquele fundo real d'uma tela que eu próprio criei,
Imaginei e pintei... E sinto ainda estar a pintar...

Mas cá dentro continua a atmosfera apocalíptica;
Uma atmosfera de cortar à faca, um ar que humedece...
E a chama arde aos meus olhos que a enaltece
Por ser um momento real de visão céptica.

Álvaro Machado - 00:35 - 31-08-2012

Comentários

Mensagens populares deste blogue

todos no poema

Criação infindável

estrada do mundo