Nos passeios

Nos passeios que faço, diários,
Cruzo o meu corpo com os olhos
Daquela figura sombria que passa
Entre mim e a rua descalçada

Vai entre multidões que são outras tantas
E os gestos de si mesma despedaçam
Quem lá não passa; Desvanece a luz
Ainda que vá de dentro para fora…

Seu vestido branco com manchas castanhas,
Seu sapateado de camurça que vai apressado…
Passa, e quando passa pelo meio de caras estranhas
Vê o meu rosto destroçado também.

Desvio-me para onde julguei querer ir!
E não.. não me levem para outro lado!
Um pouco ébrio recuo distraidamente
E o lado que sigo, sigo-o por não querer
Continuar a seguir a rua que tu segues

Continuar a contemplar esse teu semblante
D’uma figura digna de se fitar!
Continuar apenas continuando frémito
E, sem nunca passar disso, também sonhar
Esta figura de Silfide.
 
Álvaro Machado - 16:34 - 26-08-2012

Comentários

Mensagens populares deste blogue

todos no poema

Criação infindável

estrada do mundo