Às coisas do futuro
Às estrelas que me esqueceram...
Às luzes que me perderam...
Aos astros em duplo sistema solar...
Aos deuses em que ninguém quer acreditar...
Escrevo a todos esta angústia incansável,
As saudades não as sinto ao escrever...
Nenhum tem saudade deste haver
Ou desta saudade impossível...
Sobre os dois hemisférios terrestres
Sinto milhões deles a emergir
Em poeiras atónitas os vejo mestres
Que nunca sabem como agir...
Saudades são saudades - podem ser
Saudades próximas, que se aproximam
Mais de nós e mais nos magoam;
Ou saudades de quem não sabe ter,
Quando nos estão longe e pesam
Como se estivessem em peso de consciência.
Aos que escrevo são saudades na sua essência,
Por favor, nunca me esqueçam!
Aos anos que passam: as estrelas já não me conhecem,
Porque haveriam elas de alguma vez me conhecer?
Quem as olhou fui eu, quem as amou ao anoitecer
Fui apenas eu às horas passadas que envelhecem.
Em mim? Ninguém se lembra de mim.
No meu tempo eu dediquei a amá-las
Como se fosse meu dever cuidá-las,
Como se pertencessem a mim...
Em si? Nem tão pouco souberam quem fui!...
E é por isso que eu sofro tanto em exagero!
Elas, que tanto amor lhes eu quero,
Nunca souberam p'ra onde fui!...
O meu nome? O meu rosto? As minhas paixões?
Isso não lhes diz respeito. Eu nunca me deveria ter
apaixonado
Por tantas estrelas e por tantas outras formas de
corações...
Apenas as vi e amei quando vivia desolado...
A mim, apenas a mim, a mim sob um céu de mim
Sobre rostos meus reflectidos sobre um fim...
Deveria ter sido completo e só pensar no presente.
Pensar no futuro é para quem não sente.
Eu pensei no futuro por olhá-las assim tão distantes,
Eu sonhei com o futuro por amá-las e fazer delas minhas
amantes,
Eu amei tanto do futuro sem o conhecer que perdi a noção
Da realidade e de mim e do meu coração!
Álvaro de Magalhães – 21:26 – 07-02-2013
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