Castelo d’If




Estou encostado a escrever e com sono,
Levo o meu pensamento algures
Para a prisão de todas as verdades.
Estar acorrentado nem sempre é mau.

Sente-se ainda o cheiro do elixir da vida,
As apoplexias do meu ente abade Faria,
Os rascunhos preenchendo as paredes
Com os nomes usurpadores da traição.

Aquela caligrafia maléfica pronta a arruinar uma vida
- Naquele navio de onde se havia feito comandante -
Por quem nasceu com um talento nato para remar
E quanto muito para um mar inteiro navegar!

Fugiu do Castelo d'If. E ao fundo do mar ouve-se
As ondas soltando tremenda ira, o céu ficando nefasto,
E o corpo já sem vida, acabado de ficar sem ela,
Deixa a prisão e perde-se-lhe o rasto.

Dantès muito vagueou na mão dos corsários,
Muito contrabando assistiu com indiferença...
Sempre ao leme, sempre fazendo-lhe vir à lembrança
Os tempos de capitão do navio Pháraon.

Chegou a vingança pelo melhor meio: ilha de Montecristo.
Entre a fauna e a flora, a selva e os ermos de gente,
Lá vai Dantès no sigilo com o mapa na sua mão direita
Vendo um rebanho a correr efusivamente

Através de uma pequena luz junto ao vale de granito.
Entrou na caverna. Acendeu uma tocha. E logo depois,
Em correrias sem nexo ia gritando pela ilha:
- Estou rico, estou rico!

Estou cansado para escrever; termino neste episódio,
Porque deixa-me com boa disposição.

Álvaro Machado – 22:33 – 14-02-2013




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