De um terraço…
Estão nuvens cerradas, o dia é cinzento e chuvoso. Para que hei-de então voltar a vê-lo da janela De onde se concebem todos os meus sonhos Se eu me sinto triste se voltar a estar lá?... Fico estagnado, com as mãos por dentro do meu sobretudo, A olhar para o horizonte defronte, frio e tão triste, E por entre todos universos que fui criando, sempre muito dispersos e irreais, até que penso: «És tão dolorosa. Dói-me que sejamos todos tão distantes de ti!» Com o coração eu consigo alcançar-me até à varanda do outro quarto, De onde a vida se toma por sublime, E consigo, sozinho, perscrutar a voz do Diabo ao fundo da minha alma: «Peço-te: esquece tudo; deixa-te ir na perdição. Senão, o que é isto?» Mas lembro-me perfeitamente que estava a sonhar, havia adormecido no terraço. No meu sonho tu morreste, sabias? Morreste e eu senti suores frios; amo a humanidade! E penso agora porque todos nos questionámos, penso agora porque nada sabemos de nada… E