Eterna Metafísica
Não tenho maneira de fugir desta condição humana
(E já o navio parte do templo)
Há uma eterna prisão dispersa entre o real e o sonho
E este pedaço de terra impossível de ser eu...
As praias em que desembarco intrigam-me imenso.
Renasce-se-me uma nova esperança ao desembarcar,
Toda a areia que ergo com a minha mão é uma eterna confusão
Que me vai escorregando da mão...
Lá, no disperso momento em que não temos direcção,
Cruzámo-nos entre árvores e animais selvagens...
O espectáculo da natureza vivido entre turistas
Ali está tão bem presenciado!...
Depois o templo. O silêncio cerrado, a devoção,
O juramento insensato, mas sentido, de todos.
Vestes que ficaram à chuva para que a alma renasça
E se erga em fogo ardente. Deus existe.
Saindo, mais intrigado, mais atónito do que antes,
Chegando à embarcação com tonturas desajustadas à compreensão,
Sento-me e reflicto, muito sozinho, o que havia passado há instantes...
(Terá sido aquilo tudo uma partida de alguém divino?)
Continuei toda a viagem num cismo desvairado.
Metafisicamente invadi um Panteão à procura de Anbay.
Vi-o e precipitei-me humildemente para lá.
E ele acenou-me surpreendentemente:
«- Podes entrar, Winston. Concedo-te essa primazia.
Foste o único, até hoje, que viajou tão longe com a alma.
Por isso, entra. Senta-te como se fosses um deus.»
De maneira que entrei e uma áurea sobressaiu em mim.
Todos sentados a beber do cálice que os concebe eternos.
E nada mais de disperso continuou a restar em mim
Daí em diante. Cessou tudo, a metafísica eternizou-se.
Mister Winston – 15:26 - 03-11-2013
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