Esquecidos do tempo.
Esqueçamos que é tarde; nunca será tarde
Se assim não o quisermos...
Nem que seja, é tarde para quê?
Se o tempo quisesse, já teríamos acabado.
Seríamos apenas horizonte esquecido,
Alma perdida, barqueiro abandonado...
E eu sou-o de todas as maneiras possíveis, também.
Pertenço a todos os lugares sombrios e invisíveis
Que se me ocupam a alma e que se me perturbam os sonhos;
E penso para mim, como que confessando, não sabendo bem a
quem,
Porquê, porquê cair no esquecimento de tudo?
Mesmo esquecermo-nos de nós próprios a certa altura?
Adiante está a graça ou o precipício,
Em o lugar impossível de se conceber nas mentes humanas.
Adiante se vislumbra a felicidade ou a desgraça.
Só adiante se encontrará verdadeiramente os dois extremos,
Todo o resto da vida é nada.
Mas nem isso eu sei bem... Umas vezes vejo realmente isto
Como que uma verdade dogmática, perfeitamente irrefutável;
Mas outras vezes até isso eu esqueço que é, e duvido
inteiramente
Da criação, do desenvolvimento e do fim das nossas vidas!
E somente encontro alguma verosimilhança na vida
Quando contemplo folhas a cair de árvores e andarem ao
relento da escuridão
E ao relento da saudade!
Álvaro Machado – 17:27 – 23-11-2013
Comentários
Enviar um comentário