Afogou-se o navio
Dizia-me o comande:
«-Tomem as vossas posições
«-Naveguemos contra as superstições !»
Aquelas palavras davam real alento,
Ao monótono desatento
Os marinheiros ripostavam:
«-Nós, ilhas no mar, navegamos sem receios;
«-Nem os ingleses nos afrontam!»
Aquelas certezas davam certos calafrios,
Ao exército que eles defrontam.
E eu, abstracto, reflecti:
«Que vida, que sensação!
Que discurso meu capitão!
E toda marinha, intransigente,
Elevou-me a gente»
No fundo do navio havia uma mulher a cantar:
«Sofri a desencantação
Naufragando até ao pacífico
Ó marido do meu coração
Sozinha e só, assim fico!»
Anos passaram, a água esgotava
Riachos surdos já se não faziam ouvir
E ao fundo, as mulheres, ousavam pressentir,
O navio que ali se afogava...
Álvaro Machado - 16:59 - 25-04-2012
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