O atormento dos carris


O atormento via-se ao longo dos carris, gente que viajava,
Feliz e infeliz, emocionada num desdém ignóbil
A paisagem.. Mantinha o olhar imóbil,
Quem entrava trazia consigo a miséria exterior,
Contemplar-se-ia com algo inferior,
Algo que por ali passava.

O silêncio não se ouvia, não existia. Havia desertado
Tanta viva alma que falava em tons berrantes,
Com um diálogo repleto de conversas desinteressantes.
E ainda assim eu autenticamente escrevia uns versos,
Colocava-os nos cafés em folhetins impressos,
Julgando assim ser um dia relembrado!

Mas eu nunca deixei de ser um admirado pela inocência
Tantas paisagens que imaginei.. Tanta vida que não vivi!
Dei prioridade à metafísica e à eloquência,
Para mais tarde saber que já vi,
Este retrato, esta essência.

Álvaro Machado - 14:51 - 06-04-2012

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