Ruas do fim de tarde
Pela ruas do fim de tarde observava algum barulho ensurdecedor,
Agitavam-se, lá no fundo, as bandeiras do concelho;
Sentei-me à porta de uma café lotado, feito observador
Ditando versículos do evangelho
Céu escuro e mercados com frutas estranhas afugentavam
Pessoas que mais pareciam desertores,
Animais que mais pareciam corredores!
E no final daquela tarde todos eles desertavam
Defronte, naquele lago amarelo, via afinal o que é a triste cidade!
Ela já poluída mudava de cor e perdia toda a sua felicidade...
E os que nela estavam, indefinidos, eram outros que sofriam,
Com a tristeza em que viviam...
E já no cair da tarde por sinal avistei
Um grupo de homens a trabalhar
O mais velho quase sem falar
Foi o que mais contemplei
Via-se naquele olhar uma profunda tristeza!
Não tentava sequer trabalhar; e apesar da destreza,
Sabia não ser aquele a sua vocação.
Seu corpo apertou seu coração
No esforço isolado.
Todos os outros riam e conversavam
Destinos que passavam
Mas ele... não era nada, a não ser,
Um ser desolado.
«E todas estas visões era somente o entardecer!»
Álvaro Machado - 19:22 - 06-06-2012
De olhos bem fechados
ResponderEliminarO velho avistava a alegria
Essa felicidade que procuramos bem longe
Mas que a vida nos traz vazia
Vazia de mãos cheias
De trabalho para dar pão
Transportar tristeza, com o sabor amargo
Mas que não sabe como dizer não...