A luz do caminho.
Não se macem com coisas fúteis.
Mais vale um bom momento vindo do nada, sem explicação,
Do que uma varanda com vista para o resto exagerado da mansão,
Com o oiro a cegar os olhos por ser tanto, tão repleto de coisas inúteis…
A cobiça do homem é tão excessiva
- Isso é quem nunca conheceu a liberdade.
Porque não há mansão nem oiro que compre o prazer de ser livre,
De poder gritar, bem alto, a maior loucura do nosso ser!
(Uma vez, havia um homem.
Um homem sinistro.
Escrevia, sempre com o mesmo fato de seda,
Numa biblioteca, ali, num submundo qualquer…
A letra dele não era comum, era de um artista,
De um artista que só Deus conhecia.
Uma caligrafia grave, excêntrica, pura, genial, autêntica!
Uma caligrafia que lembrara um músico clássico.
Fluía como se a pessoa que ali estivesse fosse um Mozart ou um Beethoven.)
Eu não quero oiro. Recuso uma mansão.
O meu sonho fica numa dimensão
Em que os sentimentos valem por si só.
E não preciso de ninguém! Fico com a solidão!
Porque hei-de eu ser igual, se todos o são?
Ah… Prefiro ser tido como um louco e vaguear pelo mundo vão
Ao abandono, mas com a alma imbuída de sonhos
E a respirar a arte de todos os tempos, de todos os autores!
Sou muito pequeno para o mundo.
Sou muito pequeno para a humanidade.
Mas aquilo que sinto, não sei como, é tão profundo
Que é demais e impossível para encontrar felicidade.
Tenho que correr as cortinas e fitar o que há lá fora…
Tenho que gritar ao mundo inteiro o que tem a minha alma!
Sobretudo dizer que a maior força tem-na a natureza
E a maior fraqueza pertence à humanidade.
(O tempo mudou bastante.
Desapareceu aquele sinistro homem.
Julgo que foi Deus quem esteve ali,
Não um homem.
As letras deixaram-me uma mensagem
Que não havia percebido à primeira vez.
Dizia a mensagem:
«Percorre um caminho,
Percorre o teu próprio caminho,
E luz terás sempre.»)
Álvaro Machado – 00h30 -17-12-2013
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