Factos
Já o horizonte se tornou neblina
Ainda não existiam saudades dos meus entes...
Mas eu nunca tracei nenhum caminho.
A vida intriga-me a toda a hora, leva-me para uma interrupção do tempo,
Prende-me no limbo, dizendo que há um compasso de espera para ele chegar.
E em volta destas fragilidades que inerentes estão ao coração destroçado,
Não sei porquê, mas invadem-me praias com um som ensurdecedor,
Oriundas de um submundo qualquer,
Por de baixo de outro universo qualquer,
Que continua a transcender o nível dos meus sonhos e a capacidade minha de os entender...
Perco-me. É meu destino perder-me; não mais encontrar-me!
Estado frenético, eis que me sinto, que, quando não sinto, sou um cadáver!
Estado frenético, almejar o impossível, o eterno, os poderes dos deuses!
O meu século não me permite ser livre, sair da rota é ser desvairado! Pois, que seja!
Os versos, indo num ritmo acelerado, atónito, sem reconhecimento do próprio autor,
Escrevendo sem pensar, pensar sem sentir, sentir sem querer, seguir sem olhar para trás!
Quem me sou? Mas o que é que eu sou, meu deus? Se o meu estado embriagado o não mo diz, quem mo diz?
A voz do diabo tem-me destruído a vontade de almejar grandes horizontes,
Grandes conquistas que podiam renascer, que podiam ser criadas por mim...
Se eu não fosse uma alma vã, um coração despedaçado, uma crença que não crê...
Eu podia seguir o paradigma - uma vida segura, junto dos meus entes.
Mas não seria feliz; não iria conseguir ver o pôr-do-sol com aquela magia
Com que agora vejo, não podia contemplar a lua e desejá-la...
Por isso, rompi com a humanidade! Tudo porque os ideais e a arte são o que de mais sublime o homem pode ter!
Escrever, sem regras. Escrever, sem olhar para trás.
Escrever sem remorsos. Sem dor. Sem vontade. Sem paixão.
Só porque a vida me concebeu ter uma confusão na consciência,
Um estado de ser alheio a tudo o que está em minha volta...
E o meu coração perdeu-se em algum submundo sombrio, num recôndito dos mais recônditos de Érebo.
Fechei-o para as multidões que passam, fechei-o para as multidões que sentem...
Está na hora de voltar à chuva, porque, afinal, não sou mais do que um deambulante pensador...
Álvaro Machado - 00:46 - 19-12-2013
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