Travessia de dimensão
A travessia para a ponte
Com meu sonho se almeja,
Com minha realidade se impede.
Uma névoa feita de impasse e indefinição
Impede que seja eu o alguém
Do outro lado do rio.
Estático e entristecido
Num recanto de alma vã
Tenho a indecisão de não saber o que fazer.
Continuar pensativo e inútil?
Ser algo que sobrevive aos dias por não poder findar?
Que posso eu mais fazer então
Do que fitar a distância?
Já vi tudo, tudo passou por mim.
Cruzei-me com muitos para os nunca mais ver.
Amei demasiado o céu e as estrelas
Sem nunca lhes ter falado ou elas a mim.
Sofri na solidão da noite a ternura das paisagens
Andei em linha descontínua e perdido
Por entre cadafalsos que o coração tivera...
Eu mesmo fora sem saber
Uma árvore com raízes e fruto
Poisada no decurso da vida
Sem conseguir falar, só sentindo
A mágoa dos que faziam a travessia
Sem olhar para trás
Sem ver que eu estava ali
Preso na solidão do mundo.
Álvaro Machado – 20:56 – 19-01-2014
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