Palavra que doí só de ouvir


Ia, pelo campo adentro, bela rola a cantar
Assemelhado-se a um belo cântaro partido
Que fez o povo da terra delirar
Com um breve gemido

O campo quente, fértil e coberto de belas flores
Passava tristes dias que mais pareciam horrores
Até nas margens do rio se via o distante sol
Acompanhando a melodia do rouxinol

«E quem será este rouxinol?» Um isolado
Na triste multidão,
Que havia privado
Em troca duma vasta solidão

Verde... Verde campo cheio de natureza
Sentia tristeza só de ouvir
A palavra que dói ao invés da pureza
Criou, coitado, o jazigo d'mártir

Partiu a vasta multidão de rouxinóis
E o campo fazia lembrar um ventre
Conversando à rola e ao rouxinol que, cobertos em lençóis
Fizeram acreditar ao campo ficarem juntos para sempre

E inda agora enquanto estava a escrever
Encontrei olhares de alguém
Belo ainda... Que fez transparecer
Que sou o ninguém.

Aqueles olhos, ardentes
Fizeram Descartes
Pensar que a razão
Advinha do coração
Mas não sabia ele, confundido estou certo
Que o amor não é decerto
Mais que uma breve ilusão

Álvaro Machado - 19:45 - 14-05-012

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