Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2013

Terrível de viajar

Imagem
Terrível é não sentir Que o mundo me perdeu... Ir como quem esqueceu De viver antes de partir... E eriça-me olhar Monalisa , Subitamente. Focam-me os olhos de cara lisa E quase morro repentinamente. Talvez o génio italiano Sonha-se com aquele olhar; Talvez fosse a si próprio retractar Com um rosto mais plano. E viajo nesta quase madrugada Até a Itália renascentista. (Revejo-me nesta época por mim sonhada) E viajo comigo um idealista, Que vai indo e procurando Por entre o medo de existir As dúvidas continuam-lhe cismando Se deus há-de mesmo vir... Álvaro Machado – 00:05 – 01-02-2013

Sacrificado

Imagem
Não me foi dada a esperança De um futuro p'ra crer E ainda há uma herança Que me espera receber De braços abertos, estendida Sobre o horizonte. Ai, que estou perdido p'ra sempre! Ai, que a alma está perdida! Vagamente me falam que nasci E sou habitante do planeta terra, Mas como hei-de garantir que vivi Se mais tarde alguém me enterra? São perguntas a que jamais hão-de responder E com que ninguém se reconforta. O meu acreditar são os sonhos que sei ter Quando minha alma se descobre morta. E tu és o rapaz nascido dos sacrifícios Em que ninguém se há-de nunca importar... Ah! Entrega-te aos comícios Com quem nunca há-de te amar! Cruza os braços e desiste desta dor. Viver é só para quem tem um amor. E tu és o rapaz que nasceu para se sacrificar Quando ninguém te soube admirar... Álvaro Machado – 20:49 – 30-01-2013

Espelho real

Imagem
Saído da livraria, que tanto me tem feito pensar, Eu encontro ao acaso um espelho em que fico a olhar Como se nele transparece-se toda a verdade que há em mim E se apenas ele soube-se verdadeiramente quem sou... Na realidade, pressinto que apenas este vidro incolor Pode saber realmente quem sou, e que só ele vê esta dor De que mais nenhum espelho pode transparecer. Por mais que julguem nunca me irão conhecer. Consigo fintar todos os olhares, todas as supostas ideias de mim, Consigo ser tal qual como eles e levar uma vida também assim - Que não busca motivos nem razões p'ra nada, e posso eu ser Como todos, porque todos nisso vão crer. E é quase irónico pensar porque nunca vemos o nosso rosto A não ser quando nos contemplamos num espelho qualquer; Dá a impressão de aquele não sermos por variados motivos. Ocasionalmente encontramo-nos connosco, Ocasionalmente encontro-me comigo e sinto indisposição de me ver. Acho ridículo as formas c...

Pequena nota

Imagem
Pequena, a nota, de avinhar tempestade. Os dias nos dão uma eterna saudade De pessoas que nunca conhecemos E há saudade dos dias que nunca veremos Pela penumbra de uns versos saudosos. A tempestade virá. E a saudade finda aí. Virá, porém, com a mansuetude de nunca acabar...   - Isso só nos revela a ilusão em que podemos acreditar Por um tempo que por aí vai. Os tempos são tempos tempestuosos. E deixá-la-emos desvanecer com o que sentimos, Pois isso é um ciclo de vida que nunca vimos A cidade está em escombros e nunca haverá irmandade Que nos erga com o coração, porque ele está em saudade Com o que não somos. Álvaro Machado – 23:08 – 29-01-2013

Em viagem com amigos

Imagem
De uns tantos tempos de ironia E de umas conversas agradáveis, O que há para recordar são as memoráveis Conversas de que tanto me ria. À viagem de Londres, como diria Passpartout, Até à viagem alucinante de lugares misteriosos! Indo em navios a vapor ou em comboios tempestuosos, Um pintor qualquer teria ali um «passe-partout» E quando sinistramente me juntei Àquele grupo de viajantes Senti um alívio que logo apreciei Como nunca sentia antes: Sentei-me entre a carruagem nobre De Phileas Fogg e logo comecei a jogar Numa longa jornada de whist, e um whisky me via desfrutar Como nunca poderia quando era pobre. Horas parecendo eternidades haviam passado... "E o vencedor é o mestre dos mestres, senhor" - atirou o empregado. Horas que por ali tinham passado sem eu dar conta E deu a sensação de que tudo isto foi sonhado... Álvaro Machado – 22:44 – 29-01-2013