O coração


"Ainda estás por aí, coração?
Só queria ver-te e cantar-te a canção
Que durante anos escrevi para ti."

"Estou como sempre estive, por aqui.
O que me dizes não é que escreveste sobre mim,
O que me dizes é que não sabes nada de mim."

"Oh meu coração de tantas eras, de tantos réis,
Eu escrevo sobre as tuas derrotas cantadas,
Sobre aquilo que vós não sabeis..."

"Não; tu escreves o que perdi, não o que ganhei.
Tu falas do que não sabes, tu não falas do que conquistei.
Eu fui o grande amor, eu nunca fui o que sonhei..."

O coração sempre esperou, a voz sempre tremeu,
E nunca ninguém lhe apareceu.
Largos anos de espera, largos anos de frio sofrido,
E nunca ninguém lhe tinha aparecido.

"Eu vou indo pela maré atribulada,
Já que não acreditas nas minhas palavras.
Eu vou indo com a alma naufragada,
Como tu ias quando não te encontravas."


Álvaro Machado - 20:54 - 14-01-2013

Comentários

Mensagens populares deste blogue

todos no poema

Criação infindável

estrada do mundo