Corredor
Sou triste. E sou triste porque a vida me deixa assim.
Ninguém me fere mais do que ela me fere a mim.
E depois, num som calmo, e profundo, oiço vozes
Cantarem a melodia para a criança, cantando-a muita vezes...
Batem-lhe palmas os corpos repletos de alegria e sensatez.
Apenas eu estendido pelo corredor distante a ouvir...
São tão bonitas as palmas, e a melodia, e o resto que há-de
vir...
(Só tu não partilhas desta altivez?)
Vêm passos em direcção ao corredor, quase imperceptíveis,
Dados com uma euforia avassaladora por alguém que não
conheço.
Vem partilhar comigo a sua alegria, a pequena - e eu, por
momentos, esqueço
As coisas mais inesquecíveis...
Ela fala comigo e ensina-me como partilhar da mesma felicidade
E eu sorri-o como se aquilo fosse uma grande verdade.
Ela olha para mim com a inocência de um olhar inocente
E pede que a siga inconsciente.
(Fomos os dois pelo corredor à velocidade da luz e nada
apareceu.
Os que a esperavam do outro lado já lá não estavam.
E a felicidade que nenhum de nós tinha também se esqueceu
Que dois ainda por ali procuravam...)
E eu segui, assim, o lado da inconsciência por instâncias
ilusórias...
Ninguém se ilude a menos que seja um iludido.
E eu por ali fui, sozinho, com as mãos vazias...
(Só tu e o teu caminho me tinham desiludido)
Álvaro Machado – 23:17 – 11-01-2013
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