Entre a distância do homem




Tão longínquo é o homem de si próprio,
Que quando lhe desvia um olhar, e o observa,
Dá a instância fulminante de desespero e percepciona-se
A real distância de si para si.

Pensando bem: se o é realmente distante, porque há compaixão?
(Eu sinto compaixão por quem me cruzo, possa ele ser o mendigo
Das minhas noites ou o artista dos meus dias; somente há lepidez
Quando caminho peculiarmente dentro de suas mentes)

Nós devíamos ser a proximidade do amor de um abraço caloroso,
De um saudoso beijo sem época, de um grito avernal aos deuses!
Nós, homens e mulheres, poderíamos ser a apoplexia irónica
De um mal-estar grotesco, e aí talvez houvesse proximidade!

E ninguém faz da proximidade um afecto, e por isso somos a distância
Dos afectos impiedosos, dos sentidos iludidos e de amores - o sentido
É de que amar nos perturba a acção - quase-sentidos de não sentir.
(Porquê a compaixão no longínquo homem?)

Longínquo homem, por que razão és frio como o inverno e a lua?
Por que não ardes de amor e brilhas como o sol de verão? Intenso!
Apre! Ó sensação de proximidade distante! Ninguém te quer!
Impossível? É o amor de nós por nós, se nem por nós temos!

Ah! A vida de quem sofre pela compaixão de a ter por quem não merece!
Ficar tão triste como outrem, só por ele estar e não saber estar...
Ah! A cruel vida de quem sente compaixão pelas estrelas do universo!
Ficar, como elas, longínquo do homem e frio do amor...

Álvaro Machado – 16:04 – 06-01-2013




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