Apenas palavras.




As palavras proferidas não mudam o mundo,
Porque ele é impossível mudar com palavras
De quem sofre com ele, de quem foge sem ele;
O mundo só muda com acções.

As palavras servem-nos de calor nas sensações,
Enchem-nos de um vazio profundo e sem fim
Para que, noutro mundo à parte, hajam sonhos
Cheios de amor e paz, de alma plena de si...

(Sim, à parte da hipocrisia obsoleta de todos,
Há a possibilidade de se construir uma vida
À parte - de onde correm os rios belos e calmos,
De onde voam as aves raras da primavera,
De onde o mar nos ama para sempre no crepúsculo,
Tão contente de nos ver chegar àquele sonho interiorizado!

À parte de vós e das vossas ideias! À parte das saudades!
À parte dos desnorteados vagabundos, dos incertos sentimentos!
À parte do calor instável, da tendenciosa índole mulher, da corrente!
E para quê tantas palavras sem direcção? Tanta dor sem razão?
Tanta reflexão do que poderá existir? Do que já existiu? Dos homens?)

E no meio disto vão minhas palavras pelo ar esfriado do coração,
E saltam-lhe utopias de Érebo cheias de terror...
Como se de uma fraqueza pessoal se trata-se, desaparecem!
Se vivo está o rosto destas palavras ninguém sabe ou fez por saber...

Álvaro Machado – 20:07 – 08-01-2013

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