Ao meu amigo de Cherbourg!
Viva, amigo de companhia singular.
Como tens estado por essa aldeia?
Com tens passado junto ao Mar?
Não sei por que razão te venho escrever,
Pois a nossa vida é uma vida inteira
Que nos corre e cedo vimos desaparecer.
Ah! Vamos esquecer-nos desse dia!
Tenho hoje a disposição faminta de outros ares
E quando te escrevo imagino-me a navegares
O belo som das ondas que nos deixam perdidos
E sem orientação para voltar às nossas casas...
O belo som que nos parece dar asas,
E voarmos é o limite, porque somos uma raça com limites;
E voarmos é sermos marinheiros de rostos felizes,
Ainda que em alto-mar naveguemos por sentidos.
Navegar por sentidos é navegar consoante o vento
E a nossa intuição é de ele estar a Oeste de nós...
(Os sentidos que tanto se fazem passar por nós...)
Deixemos o vento, Sagè! Rememos sem pressentimento!
Errar o Destino? Não sejamos inocentes!
Ninguém erra o Destino de homens resistentes!
Que saudades, velho amigo, que saudades!
Escrever é, dentro de mim, estar perto de ti
E lembrar é voar sobre essas grandes cidades!
Álvaro Machado – 22:00 – 22-01-2013
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