Névoa matinal
Toda a névoa ali ao fundo, que nos acerca,
É a cinza de Deus sobre o ar!
A brisa ali ao fundo que vá, vá e se perca
Porque só Deus sei amar!
Nas cinzas esquecidas do corpo mortal,
Intensifica-lhe um cheiro pela manhã
E as paisagens dessa alma vã
São a visão do que é imortal,
O céu de outras eras, de outros olhares!
(Quem o olhou e questionou o porquê de aqui estar)
O decadentista cheiro de outras marés!
A vontade incerta do vento encontrar!
A repugnância, a exímia e repugnante maneira de ser
Do homem - tão igual a outras eras, tão nublado
Como noutros climas, talvez mais propícios para chover
Do que neste céu escuro e estrelado!
Minha névoa, minha triste névoa, ainda aí estás?
Eu ainda estou imparcialmente parado,
Estendido sobre a cadeira de onde havia chorado...
Minha névoa, minha solene névoa, por favor nunca vás!
Álvaro Machado – 20:25 – 07-01-2013
Comentários
Enviar um comentário