Jantar absorto


O carvão enchia as brasas, a comida as mesas,
O vinho os copos, o pão os pratos...
As pessoas sentavam-se às avessas
E os trajes eram fatos....

Parecia formal, parecia sair dali qualquer coisa.
E, de repente, aquando o cheiro se solta,
Vem em nossa direcção uma coisa alta
E aí apercebi-me passar-se alguma coisa.

Cerrava-se o alvoroço do jantar
Aquando vem alguém sorridente,
Abraçando-se aos que acha amar,
Ele ria euforicamente...

Ainda cessado o jantar não estava
Minha vista já sozinha chorava
Por ser aquele ambiente tão feliz.
Defronte alguém infeliz,

Absorto em trevas d'um meticuloso pensar
Deveria também ele querer algo assim.
Absorto ele espumava-se até ao fim
Por acolá ele querer estar.

E passa o cheiro das mágoas; cessa o jantar...
A festa contínua para uns. Menos para aquele,
Aquele que vê e sente e pensa como chorar
Por nunca ser como ele!

Álvaro Machado - 19:48 - 05-10-2012

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