homens e deus
a maior imperfeição do mundo
somos nós: homens.
o tal navio que parte de um porto
desconhecido, e viaja adiante
- ao lugar sombrio, à morte prematura.
desvendamos apenas o mistério experimentado,
sentimo-nos como um falhanço criado
à maneira de deus - o altivo, o divino - e a mágoa
de todos nós somos nós próprios (e o nosso corpo);
mas quem paga não é o que arrastamos na terra,
é o que pensamos no universo!
são as coisas impossíveis!
as partes exógenas à raça!
é o brilho do sol e a intensidade da lua!
é o mar a meio caminho e o porto enevoado!
e é o amor de alma e o desejo de outro mundo!
os desejos do homem são, todos eles, impossibilidades.
ah porque a vida cansa, faz sofrer e enche de ansiedades
desapropriadas à compreensão... ninguém sabe um porquê
ou uma razão, ninguém acha um sentido ou uma explicação...
há vida, e isso sei que há; há campos verdes e pássaros a voar;
há nuvens às escuras e sóis às escondidas; há a humanidade toda,
e há a sagrada escritura do artefacto que deus nos deixou.
(sei haver mais mundo no mundo do universo, das estrelas...)
mas a maior imperfeição do mundo
não somos nós; és tu, ó alma sem dono,
figura sem rosto, sentimento sem profundidade!
nós somos infelizes, porque somos indubitavelmente
inconscientes, animais; e tu és o dono de todo o universo
e dás alento a todas as estrelas que brilham intensamente...
és o criador, a voz, a paixão e o desejo incansável
das nossas mentes.
e a prece continua na tela à velocidade da luz - mais mundos
serão criados, mais vozes serão escutadas, mais revoltas
serão presenciadas, mas tu voltarás ao início, apagarás a memória
do porto sombrio e lançarás a humanidade pelo mar desconhecido
e ingrato a que todos os homens estão sujeitos desde que haja vida!
Álvaro Machado – 18:09 – 30-12-2012
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