Jaspe


Estendendo-te a mão, peço-te que venhas comigo até ao fim.
Em nós o eterno será o inerte princípio de não passar disso:
Um eterno que dura, não sente; um eterno de estar sozinho,
Não sabendo nunca o que é sentir-te.

E depois vens tu com a tua calma, com a tua submissão.
O mundo apaga-se e recomeça para espreitar,
O estender da minha mão, que é nobre, e a aceitação da tua,
Que é um cristal em jaspe fria.

Mas são apenas mãos. Não têm significado, nem amor, nem ódio...
O ignóbil de traje ignóbil também estende a mão quando passo,
E de ela se acercam a bondade da grandeza da sua alma e a tristeza
Do seu coração, abandonado ao relento da rua...

Mas são mãos e nada transmitem de mão para mão. (Mão de Deus!)
Estender-te a mão durante a noite aluada, olhar-te em estrelas inúteis
Que nada servem, esquecer-te à sombra das memórias não lembradas,
E no fim esperar que estendas a mão...

Não estendas a mão a quem de ti é escravo, mulher de tantas caras.
Não venhas encontrar-me ao inerte principio da vida, porque não sou
Mais do que um coração moribundo que não quer nem sonha querer!
E nunca mais a minha mão estenderei...


Álvaro Machado - 16:39 - 02-12-2012

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