Mestria alucinada
Descortina-se um amor, salvo o ópio,
Diante da janela em que passam pessoas
Todas elas diferentes em modos e gestos
E diferentes em sentimentos.
E parto da ideia de querer algo para escrever
Durante a inoportuna tarde de cólera,
Mas ela, tão devastadora como real,
Incomoda-me de sentir.
Alucina-se-me a hora de partir para bem longe,
De partir: subir a Vénus e explorar-lhe o cheiro,
Descer ao amago e lutuoso averno, perder-me
No canto mais magistral de todos os cantos!
E quem me diz que alucinar é para loucos?
Quem diz que os loucos não têm amor
Que se descortine no próximo acto?
Quem ousou dizer-vos tal coisa?
Álvaro Machado – 20:54 – 03-12-2012
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