Perdição




Durante a noite o vento levou-me a alma para um lugar
Escondido de todos estes lugares do mundo, de todos os cantos
Estrelares e de todas as preces que me possam dar
Para fazer de mim um quarto de encantos

E eu olho-te altivamente, ó céu mais obscuro que a escuridão,
E espero-te impaciente para que desças sobre este turbilhão.
Vem que és bem-vindo à minha alma e ao seu invejável mistério.
Vem e vê como escorro por debaixo do rio.

No meu quarto só oiço vento forte e por vezes exagero.
No meu quarto só oiço o desespero.
No meu quarto só há Deus, só há alguém abandonado.
No meu quarto sou só eu isolado.

E há rios, e há navios, e há céus, e há a sensata impressão
De estar a ouvir o vento noutro lugar do meu coração.
E há noite, triste sentida no quarto, e há sombra, vagueando
Como se no funesto quarto fosse pintando,

Até que vai surgindo uma tela desfigurada cheia de transeuntes,
Uns são tão reais na linha que liga loucos e inocentes,
Outros são tão fictícios que alucinam à demência,
E nenhum acha noite, como esta, de excelência!

Álvaro de Magalhães – 22:45 – 20-12-2012




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