Dia de comércio


Acerca-se desta aldeia a luz que ilumina
A face dos comerciantes enquanto vendem
Restos do que é porcelana e barro...

Está cheia a praça. Dão-se gritos em vão.
Eles querem ouvir a sua voz ao fundo
Por alcançar, ou tentar, que seja alcance.

E tu, comerciante sem alegria?
Gritas pelo quê? E por quem?
(Nem sequer pestaneja, é mudo...)

Lufada de ar espontaneamente...
Luz que ilumina as faces, menos a sua...
Verso acercado deste homem desconhecido!

Tentou, inda agora, vender meio dúzia de paus
E os compradores, duas mulheres, acenam um não.
De novo, volta a seu mundo surreal e pensativo.

Que será esse período de reflexão seu?
Seus olhos focam o chão fragmentado
E a mão fixa sobre o seu queixo cansado
Pensam nesse tempo o que lhe aconteceu...

De vez em quando lá aparece um comprador
Que deixa de o ser no momento em que vê
Esse comerciante sem alegria ser o vendedor
(E que nele próprio não se vê)

O céu é só escuro, agora. A praça acerca-se de trovão.
E os vendedores, comerciantes digo, e os compradores,
Retiram-se mórbidos neste dia cansativo sem compreensão.

Álvaro Machado - 14:54 - 29-09-2012

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