Último verso


Durante todo o caminho
Falei tão pouco que esqueço
Estas coisas que se chamam de laços,
Coisas do mesmo sangue, coisas genéticas...

Até antes de me fazer ao caminho
Via o futuro num presente tremido
Quando falamos de ti, saudosa saudade,
As coisas eram outras coisas

Havia no meio de palavras sentimentos
tão sentidos, tão humildes, tão próprios...
Que hoje em dia são vistos como palavreado
no meio de sentimentos palavras não-sentidas...

E eu traço todo o caminho na minha cabeça...
Complicadas brigas no meio da chuva,
Altivos gritos de antigas cruzadas destemidas,
Mortes honradas ao espírito santo.

Mas agora, agora que é feito desta ideia?
Perdida no mar num oceano seco...
E porque tanto se escrevem coisas que não são lidas?
Naufrágio do próprio sentimento de artista...

Inda assim não finda o que não é consolável
E escrevo a morte das minhas palavras no verso seguinte!
Ah! Esplendor esplêndido de te querer dizer que a morte me espera!
Adeus... Adeus... Adeus... Ó trovador, ó dramaturgo, ó homem de ninguém...

Álvaro Machado - 23:25 - 13-09-2012

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